A Retirada da Laguna

155 anos da epopeia da Coluna Expedicionária de Mato Grosso

Passados mais de um século e meio  da epopeia da Coluna Expedicionária de Mato Grosso, que lavou com sangue a afronta da invasão ao Brasil, continuam mais atuais do que nunca as palavras com que Alfredo d’Escragnolle Taunay respondeu à homenagem que recebeu na Câmara de Deputados como ator desse acontecimento épico de nossa História e como autor da mundialmente famosa obra que o imortalizou, “A Retirada da Laguna”.  Transferindo a homenagem aos seus companheiros de armas, disse ele naquela ocasião:

“Trabalho e lealdade – é e tem sido a divisa de nossa corporação, que tantas vezes se há mostrado digna do Brasil e na altura dos mais extraordinários sucessos”.

Realmente, há poucos episódios na História Militar em que tão pequena tropa, submetida às mais difíceis condições de clima, saúde e suprimentos, tenha perseverado tanto no cumprimento do dever, sem ter sido destruída ou capturada.

De 10 de abril de 1865, data de sua partida de São Paulo, a 11 de junho de 1867, quando completou a sua missão em Aquidauana, essa força militar composta por paulistas, paranaenses, fluminenses, mineiros, goianos e amazonenses percorreu, em mais de dois anos, cerca de 4.000 Km a pé, marchando seus soldados em muitas ocasiões com água pela cintura em regiões infestadas pelo beribéri e cólera.

Nesse período, a Coluna Expedicionária de Mato Grosso atuou ofensivamente na região de operações durante mais de um ano, expulsando os invasores do território nacional e invadindo o Paraguai, só procedendo sua retirada depois de lhe faltarem víveres e munição, numa operação que durou trinta e cinco dias, sob o efeito devastador de cólera, fome, incêndios, tormentas e ataques inimigos.

Dos 2.600 homens que compunham a expedição retornaram 700, com  todos os seus canhões e bandeiras, tombados dois de seus comandantes.  O seu exemplo de coragem, denodo e abnegação inspirou a retomada de Corumbá por forças brasileiras, em 13 de junho de 1867.

Ao final, passaram os soldados da Coluna Expedicionária de Mato Grosso à História pelas palavras de seu terceiro comandante que os conduziu até o fim da missão.

“Soldados! Honra à vossa constância que conservou nossos canhões e as nossas bandeiras!”