Explorações no litoral do Brasil no início do século XVI

O Planisfério de Cantino foi uma cópia subtraída dos arquivos portugueses do final de 1502. Esses pergaminhos, que formavam o Mapa Mundi mais completo à época, reuniam dados das explorações de Pedro Álvares Cabral, Vasco da Gama e Gaspar Lemos e são a primeira representação cartográfica conhecida do Brasil. O italiano Alberto Cantino, enviado pelo Duque de Ferrara a Portugal com esse propósito, conseguiu obter por 12 ducados de ouro (uma quantia considerável à época) uma cópia dos mapas portugueses, que revelavam surpreendentes descobertas do Novo Mundo, O Planisfério de Cantino está exposto na Biblioteca Estense, em Modena, na Itália. Imagem: Gallerie Estensi/Biblioteca Estense Universitaria

Entre maio de 1501 e setembro de 1502, Portugal realizou a sua primeira exploração no litoral brasileiro, após a expedição de Pedro Álvares Cabral.

Seu comandante, Gaspar de Lemos, fora incumbido por Cabral de levar a notícia do descobrimento a D. Manuel I, chegando a Lisboa, provavelmente, em junho de 1500. De lá partiu de volta ao Brasil em 10 de maio do ano seguinte, à frente de 3 navios, tendo Américo Vespúcio como piloto de um deles.

No dia 16 de agosto de 1501, Gaspar de Lemos atingiu um ponto do litoral que nomeou Cabo de São Roque, o santo do dia, e seguiu para o sul batizando os locais da costa onde aportou, de acordo com o calendário religioso, que, naquele ano, foram: Cabo de Santo Agostinho (28/08), Rio São Miguel (29/09), Rio São Jerônimo (30/09), Rio São Francisco (04/10), Rio das Virgens (21/10), Baía de Todos os Santos (1º/11), Rio Santa Luzia, possivelmente o Rio Doce (13/12), Cabo de São Tomé (21/12) e Baía do Salvador, provavelmente Cabo Frio (25/12).

Em 1º de janeiro de 1502, a expedição adentrava na Baía de Guanabara, nomeando a região como Rio de Janeiro, seguindo então para Angra dos Reis (06/01), Ilha de São Sebastião (20/01) e o porto de São Vicente (22/01).

De Cananeia, onde deixou um degredado, a expedição seguiu até o Cabo de Santa Maria, na costa do atual Uruguai, daí iniciando, sob a direção de Américo Vespúcio, uma arriscada navegação austral de 50 dias em que avistou terra, possivelmente as Geórgias do Sul ou as Malvinas.

Essa expedição foi muito importante para a posterior ocupação do litoral brasileiro e para a navegação e a cartografia no Atlântico Sul. Esse conhecimento, somado ao das expedições de Vasco da Gama e de Pedro Álvares Cabral, revelou ao mundo uma nova geografia, na qual, pela primeira vez o Brasil foi representado cartograficamente, no Planisfério de Cantino.

Antes dela, entre 1499 e 1500, a costa leste-oeste do Brasil, até o atual Rio Grande do Norte, havia sido explorada por navegadores a serviço da Espanha: Alonjo de Hojeda, Vicente Pinzón e Diogo de Lepe.

A difusão desse conhecimento atraiu a atenção de comerciantes franceses que, em 1504, enviaram ao Brasil a nau L’Espoir, sob o comando de Bonneville, visitando a ilha de Santa Catarina Cabo Frio e Porto Seguro.

Neste mesmo ano, uma nova expedição portuguesa, com 6 navios, sob o comando de Gonçalo Coelho, também acompanhado por Vespúcio, fundou uma feitoria em Cabo Frio e um arraial no Rio de Janeiro, denominado Carioca, informando ao Rei que navios franceses visitavam a costa brasileira.

Durante a primeira década do século XVI, várias expedições portuguesas a caminho das Índias estiveram na costa do Brasil, a maioria delas arribando no Porto de Santa Cruz. Em 1511, Portugal enviou a primeira expedição comercial ao Brasil, a da nau Bretoa, de grande importância para a nossa historiografia.

E, em 1516, a de Cristóvão Jaques que fundou uma feitoria em Igarassu, no atual Pernambuco, e teria chegado à Foz do Rio da Prata.

Achado ou descoberto, o Brasil começava a ser conhecido, entrando no mapa da História.